sexta-feira, 26 de dezembro de 2008


POEMAS DE GLAUCO MATTOSO


MANIFESTO COPROFÁGICO [1977]


"Mierda que te quiero mierda"
(García LOCA)


a merda na latrina
daquele bar da esquina
tem cheiro de batina
de botina
de rotina
de oficina gasolina sabatina
e serpentina

bosta com vitamina
cocô com cocaína
merda de mordomia de propina
de hemorróida e purpurina

merda de gente fina
da rua francisca miquelina
da vila leopoldina
de teresina de santa catarina
e da argentina

merda comunitária cosmopolita e clandestina
merda métrica palindrômica alexandrina

ó merda com teu mar de urina
com teu céu de fedentina
tu és meu continente terra fecunda onde germina
minha independência minha indisciplina

és avessa foste cagada da vagina
da américa latina



DEFECTIVO [1977]

eu mordo
tu mastigas
ele engole
nós digerimos
vós cagais
eles policiam



COR LOCAL [1978]
[TROVA SEMI(PATRI)ÓTICA]

Minha terra tem mais terra
minha fome tem mais cores
minha cor que menos berra
é que sente minhas dores



CERA & NATA PARA DESDÊMONA [1982]
(pra não dizerem que não canto as fêmeas)

Oh minha doce amada,
minha goiabada,
tão conspícua
quão conspúcia,
inconstante e mamada,
desnaturada e desnatada!
Oh minha desdenhosa,
divina, demoníaca
diva doidivanas,
como amo
tuas anas
quando me envenenas
com teus ventos;
tuas xanas
planas e plenas
de corrimentos;
tua prepúcia
que não posso
arregaçar
e teu regaço
que não passo
sem cabaçar!

Nenhum comentário: